Jacinto Mango tem como nome artístico Atcho Express.
Oriundo da Guiné, foi bolseiro cultural e terminou o seu mestrado em Teatro e Comunidade na escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa.
Foi apoiado pela Ser Mais Valia através do projeto Mentoring.
É naturalmente um performer e um amante das artes performativas.
Merece o nosso aplauso.
4Perguntas a … Atcho Express
1-Atcho, o seu amor maior é o teatro e as artes performativas? E onde teve início esse gosto pela arte?
O gosto pelo teatro e as artes performativas começou na Guiné na década de 90 entre a igreja católica e o Liceu, foi a partir desse momento que comecei a ter paixão pelo teatro. Lembro-me que fui desafiado pelos colegas do grupo de jovens a montar uma peça de teatro para um encontro de confraternização com o grupo de jovens vindo da paroquia de Quinhamel, sector de Biombo. E em 96 fundámos no liceu o grupo de teatro “Brigada Cultural Estudantil”. Foi assim que nasceu a minha paixão pelo teatro e pelas artes em geral.
2-Terminou há pouco o seu mestrado, de forma brilhante, e o tema da sua tese foi: Teatro Confuso. Quer dizer-nos um pouco sobre a escolha desse tema?
“Confuso”- Um projeto de Performance teatral em Comunidade. A escolha desse tema partiu do meu questionamento constante de ver as coisas na sociedade em que vivemos e não as perceber. E pude entender que estamos a viver numa comunidade confusa e sem nunca a perceber, ou seja estamos cada vez mais confusos. Foi nesta perspetiva que Confuso surgiu como um ser denunciante ou seja “Confuso” é um nome “falante”, correspondente ao cidadão em conflito com o sistema social e vice-versa. Neste monólogo há a tentativa de descoberta do mistério que é existir e ser/estar “Confuso” tendo apenas como meio de expressão a Performance Teatral.
3-A Ser Mais Valia aparece na sua vida de que forma? Foi um apoio valioso para si?
Eu acho que a Ser Mais Valia apareceu nas nossas vidas como alicerce no nosso processo académico. Eu que vinha de uma terra firme com objetivos de estrear nos tapetes sintéticos, devo muito à mãe “Ser Mais Valia”, digo isso de coração aberto, não só pelas ajudas em termos de correção dos meus trabalhos, mas do carinho que recebi – “bom dia ou boa tarde Atcho! Está tudo bem contigo, olha se precisar de alguma coisa é só dizer”. Durante esses dois anos recebi sempre telefonemas com este propósito, de querer saber de mim, alias de nós que viemos da terra firme em busca de formação qualificada com objetivo de voltar às origens e poder ter as oportunidades de ensinar ou pôr na prática aquilo que aprendemos.
4-Agora que terminou o seu mestrado em Portugal pensa regressar à Guiné? Esse regresso a casa fez sempre parte do seu projeto de futuro?
Sempre foi o meu objetivo voltar para casa, até porque a minha ambição é fazer valer o teatro na Guiné-Bissau como noutros países sobretudo os dos PALOP. Por isso é fundamental o meu regresso.
Um dos meus sonhos é criar a «casa do conto» para a comunidade.
Isabel Amorim
Voluntária da SMV