Quem fica indiferente a um PÓLON*? O seu tamanho, os seus ramos possantes e grossos, que emergem do caule central e se multiplicam infinitamente, terminando nas folhas que serão os ramos de amanhã. E, empoleirados neste emaranhado de ramos musculados e folhas vibrantes, ainda pássaros cheios de vida, incluindo águias com o seu porte majestoso. E as pessoas e animais que se abrigam debaixo da copa protegendo-se do sol. E as flores que produz, que servem para alimentar pessoas e animais, as sementes que servem para fazer sabão, e os remédios naturais que se podem obter da casca.
Quem consegue ficar indiferente a um imbondeiro – que armazena água no seu interior –, a uma mulemba – debaixo da qual se reúne o conselho de velhos das aldeias de África –, a um castanheiro colorido de ouriços prestes a libertarem castanhas, a um… ?
Quem não gosta de passear por um pinhal, sobre a caruma que evita que nos enterremos na areia, cheirar a resina, apanhar pinhocas do chão (que mais tarde irão acender a lareira), ver os raios de sol avivados pelas sombras dos ramos, ouvir o silêncio envolvente, sentir uma aragem fresca a roçar-nos a cara e a tranquilizar-nos o espírito?
Quem…
Todos os anos a área florestal do planeta é reduzida. A taxa de redução tem vindo a diminuir, mas continua positiva. Portugal consegue ser dos países da União Europeia o único que continua a diminuir a sua área florestal.
As florestas são essenciais para a vida na terra. São elas que abrigam a maior parte da biodiversidade tanto da fauna como da flora. São elas que purificam o ar, são elas que fazem chover, são elas que impedem a invasão das areias. São elas que nos mobilam a casa e nos aquecem nos dias de inverno. São um bem da natureza que não devemos destruir, mas sim, conservar.
Para despertar consciências sobre o perigo da redução contínua da área florestal, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) instituiu o dia 21 de março – o dia em que começa a Primavera – como o “Dia Internacional da Floresta”. Neste dia por todo o mundo são realizadas ações que promovem a floresta. O evento simbólico mais generalizado é a plantação de árvores, poucas para as necessidades de recuperação, mas importantes para a consciencialização das pessoas. Por alguma razão a taxa de redução da área florestal tem vindo a diminuir.
A responsabilidade da proteção da floresta não cabe apenas aos governos ou organizações. Cabe também à cidadania, a cada um de nós. Não ficar indiferente perante ações que destruam a floresta. Criticar, apontar, diria mesmo denunciar. Principalmente no verão, onde o flagelo dos fogos não só destrói a floresta como também vidas humanas. Quantos incêndios se teriam evitado se houvesse mais cuidado, mais consciência… O pequeno gesto de lançar uma beata para o chão, à partida inofensivo, pode gerar um grande incêndio.
Sejamos todos guardiões da floresta, amigos das árvores. Dizia-se, antigamente, que um homem só estava realizado quando tivesse feito três coisas: escrever um livro, fazer um filho e plantar uma árvore. Façamos ao contrário. Comecemos pela última, provavelmente a mais fácil.
EdmundoCardeira
voluntário da SMV
*Ceiba Pentandravar guineensis