Erradicar a Pobreza

A 17 de Outubro assinalou-se o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza.

É preciso afirmar que a pobreza não é uma fatalidade. Segundo o Banco Mundial, foram feitos significativos progressos na redução da pobreza extrema (rendimento até 1,9 dólares / dia), mas “quase metade da população mundial — 3,4 bilhões de pessoas — ainda luta para satisfazer as necessidades básicas”. E nós sabemos que a situação de pobreza acarreta problemas de saúde, de acesso a serviços básicos, de múltiplas dependências, logo de incapacidades várias para decidir da sua vida. Importa ainda lembrar que os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável têm logo à cabeça “erradicar a pobreza” até 2030. É um objetivo, logo exige uma estratégia e depois ação condizente. A todos os níveis: mundial, nacional, local e pessoal. Repita-se: a pobreza não é uma fatalidade, podemos erradicar a pobreza.

Contudo, todos sabemos que estamos sujeitos a um processo de alterações climáticas. E todos sabemos também que, a confirmarem-se as previsões, haverá secas drásticas, fomes, deslocações de milhões de pessoas, aumento de catástrofes naturais e assim sucessivamente. Quer isso dizer que não é só a pobreza atualmente existente que nos desafia ao compromisso e à ação, é também a pobreza que se adivinha se não levarmos a sério a nossa responsabilidade e não fizermos o que precisa de ser feito.

Não são os pobres que podem por si mesmos sair da situação de pobreza em que se encontram, porque a pobreza carateriza-se por falta de recursos para isso. Também não são os pobres que mais contribuem para as alterações climáticas em curso. Portanto, todas as pessoas que se dizem a favor da democracia e da justiça estão de imediato convocadas a esta enorme tarefa que a todas as pessoas diz respeito.

E não se trata de alimentar os pobres, num atitude assistencialista que mantém a dependência, mas de ajudar os pobres a saírem da situação em que se encontram. Erradicar a pobreza. Até 2030.

 

P.S. – Faleceu recentemente Manuela Silva que, com Alfredo Bruto da Costa, desenvolveu os primeiros estudos académicos sobre a pobreza em Portugal.

 

José Alves Jana