Isabel vista pela neta

Quem somos, o que fazemos – Isabel Amorim

Isabel Amorim, profissional na área da educação,

integrou o Projeto Mais Valia da Fundação Calouste Gulbenkian.

É voluntária da Associação Ser Mais Valia desde a sua criação.

Vamos conhecê-la melhor.

 

 

 

 

 

GC (Graciela Pinheiro) – Iniciámos com o olhar da tua neta sobre ti.   Como é que se pode definir a Isabel?     

Como nos sentimos ou como somos na realidade? O olhar dos outros sobre nós não corresponde sempre ao que sentimos…

Sou uma mulher muito curiosa e atenta ao mundo e ainda a conhecer-me.

Na minha vida profissional trabalhei sempre como professora do 1º Ciclo e, curiosamente, em projetos com meninos oriundos de África.

Sou mãe de 3 mulheres e avó de 6 netos.

GC – Fizeste parte do Projeto Mais Valia, da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi o teu primeiro projeto em voluntariado?

Não, na realidade já estava envolvida num projeto de encontros de leitura com reclusos de uma prisão. O Projeto Mais Valia surge no momento exato em que a reforma se instalou e o tempo parecia longo e se pensa: e agora? Havia ainda muito caminho pela frente, alguns sonhos por cumprir e vontade de fazer outras coisas.

GC – No âmbito desse Projeto, fizeste uma missão na Ilha do Príncipe em 2015. Em que consistiu essa tua missão?

O meu trabalho consistiu em dinamizar as 2 bibliotecas escolares; criar situações interessantes para usufruto da biblioteca, quer para professores quer para alunos. Tornar a biblioteca um lugar atrativo para além da simples procura e empréstimo de um livro – a biblioteca como local de encontro e de debate de vários temas e autores; clubes de poetas e troca de textos.

Tudo é pretexto para um texto – era o lema.

Foi um trabalho empolgante e inesquecível.

GC – Estás na Ser Mais Valia desde a sua criação. Que motivações te conduziram para nela ingressares?

Quando vi o anúncio do Projeto da Gulbenkian foi irresistível – um projeto para maiores de 55 anos e em áreas que me incluíam e eram apelativas além da hipótese de missões curtas em África. Tinha todos os ingredientes para me chamar a atenção e era a altura certa.

GC – Fazes parte do Projeto “Mulheres Africanas”. O que fazes com elas?

É um projeto muito especial porque reúne vários aspetos: o trabalho com mulheres maiores numa fase da vida de grande solidão, e o prazer de as ver assinar o nome pela primeira vez e a atenção pelas leituras que vou fazendo nas sessões. É um projeto de troca de saberes e de experiências. Muito gratificante.

Os resultados manifestam-se na alegria e no prazer dos momentos vividos naquela sala de trabalho.

GC – A tua participação na Ser Mais Valia passou também pela área da Comunicação e pelo Projeto Escritafricando. Queres falar dessa experiência e do trabalho realizado?

Sim, fiz parte do nascimento de ambos: Grupo da Comunicação e Escritafricando.

Gostei muito de participar em ambos e fui dando o meu contributo nada especializado – sobretudo a área da Comunicação que deve ser feita por quem saiba o que fazer com o produto SMV e como o dar a conhecer melhor no exterior.

O Escritafricando apoia jovens no desenvolvimento dos seus talentos de escrita e é um trabalho muito bom e muito criativo. E os resultados estão à vista de todos com a edição de 2 livros com textos inéditos. É um trabalho muito gratificante.

GC – Trabalho de voluntariado na prisão é outro projeto que “abraças”. Qual o âmbito do trabalho que aí desenvolves?

É um  encontro de leitura na biblioteca da prisão, realizado todas as sextas-feiras, onde faço leituras de textos variados e de diferentes autores, livros escolhidos por mim. Gosto particularmente destes encontros num local onde o tempo está quase parado e aqueles momentos são libertadores para quem está recluso.

GC – Em jeito de conclusão, queres reportar algo que consideres significativo e que mereça especial referência?

Gosto de pertencer ao grupo SMV e de, à minha maneira, contribuir com algo…

A SMV tem um potencial humano extraordinário; gente com diferentes saberes e conhecimentos e numa fase da vida de maior disponibilidade e que podem partilhar, incentivar e apoiar em muitas áreas, cá e em África.

Seria muito bom arranjarmos “Amigos da SMV” e mecenas para podermos dar um salto maior nos apoios que queremos concretizar.

A SMV é um lugar de encontro desinteressado e agregador – quem ali trabalha fá-lo por gosto e prazer de participar.

E vale a pena.

Graciela Pinheiro
Voluntária da Ser Mais Valia