QUEM SOMOS, O QUE FAZEMOS – GRAÇA CARDIM

Graça Cardim é doutorada em Administração e Políticas Públicas. Foi professora universitária e continua ligada à investigação através do Centro de Investigação em Administração e Políticas Públicas (CAPP). Integrou os Conselhos Diretivos de vários organismos públicos (Instituto para a Inovação na Formação (INOFOR), Instituto Português da Juventude (IPJ) e Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Começou a sua carreira profissional no Ministério da Educação. Esteve depois nos CTT – Correios de Portugal, onde foi Diretora de Formação.

GCNo Encontro de Voluntários da SMV a sua intervenção foi sobre “Cooperação para o Desenvolvimento” com uma parte dedicada ao posicionamento e a intervenção da Associação. Quais seriam as três mensagens-chaves para os voluntários que não puderam estar presentes?

Em primeiro lugar, escolheria como principal mensagem-chave que ser voluntário da SMV é saber aproveitar uma experiência de partilha, de solidariedade e de utilidade pessoal e social como oportunidade de realização própria. Por outro lado, a nossa associação encontra-se num momento de crescimento que resultou de esforços e trabalho denodado. A construção do futuro resultará da conjugação das competências e das disponibilidades de todos e de cada um em torno de uma visão e de uma identidade comum, expressa na estratégia e nos planos de atividade da associação. Por fim, a SMV é uma “learning organisation”, ou seja, é uma organização que sabe aprender com as lições da experiência, com a colaboração de parcerias, com os diagnósticos e os impactos que se geram nos contextos destinatários e com a ambição e a disponibilidade para fazer mais e melhor!

GC – Já participou em missões da SMV. O que destacaria dessa experiência?

Estive em São Tomé e Príncipe com a voluntária e amiga Ana Lopes. Foi uma experiência que me marcou sob vários pontos de vista: a enorme beleza daquela ilha, a simpatia dos São Tomenses e a pobreza num território tão fértil. Foi surpreendente a avidez de conhecimento das jovens mulheres a quem demos aulas. Foi muito gratificante o trabalho realizado com uma ONG local, que incluiu, entre outros aspetos, organizar e estruturar a própria ONG, formar os seus quadros e beneficiários e elaborar um projeto para a dotação de computadores, impressoras destinados à formação. Esta missão da SMV gerou grande interesse por parte de membros da governação santomense e a disponibilidade da Embaixada Portuguesa e do Consulado para acolher os projetos. Mas a imagem que guardo sempre que me lembro desta experiência é o número de crianças a encherem as estradas à saída das aulas, chilreando alegremente.

GC – Referiu na intervenção no Encontro que a SMV deveria ser um estudo de caso pela Academia, o que foi aliás realçado pela voluntária Mafalda França, na sua entrevista da newsletter de maio. Por que razão?

A condição especial da S, onde voluntários seniores colocam as suas competências de uma vida ao serviço da cooperação para o desenvolvimento, constitui um “encontro virtuoso” que beneficia destinatários com intervenções à medida e também os próprios voluntários que vivem a sua própria realização num ambiente de envelhecimento ativo. Conjugar saberes em função de objetivos, associando os destinatários, as entidades locais, os poderes e financiadores, no respeito pela cultura, traduz uma “boa prática” capaz de proporcionar a consolidação das soluções e do próprio processo no “habitus” local. O estudo deste modelo com base em experiências reais constitui excelente material, não só para as áreas de Gestão de Organizações Sem Fins Lucrativos, como também para os domínios do desenvolvimento local, entre outros.

GC – Além do voluntariado Sénior na SMV, sei que faz muito mais com o seu tempo. Pode contar-nos mais um pouco?

Tenho a minha família, a quem dou apoio, sobretudo aos netos. Tenho três netos, um vive em Lisboa e dois em Londres, onde me desloco com frequência. Tenho uma casa de campo perto de lisboa, que me ocupa tempo e me proporciona um enorme prazer, sobretudo quando está cheia de familiares e de amigos. Tenho interesses culturais, sobretudo no domínio da música e da leitura. Ainda estou ligada à investigação através do Centro de Investigação em Administração e Políticas Públicas (CAPP). E tenho os amigos, com quem convivo, troco opiniões e descontraio.

Ana B. Suspiro

Amiga SMV