4 perguntas a Ana Lopes

Ana do Carmo Lopes, nasceu em S. Miguel nos Açores.

É um membro muito activo e cooperante da SMV, tendo feito parte do grupo que fez a transição de Projecto Mais Valia para a actual associação SMV. Fez parte da primeira direcção e mantém-se na  actual.
Como voluntária da SMV já participou em duas missões: Guiné- Bissau em 2018 e numa missão do Camões, I.P. na Ilha de Moçambique. Colabora no projecto Mentoring.
Possui o mestrado em Gestão e Organização e trabalhou na área durante 45 anos – 12 anos no privado e 33 anos na Administração Pública.
A sua vida profissional abrangeu áreas diversificadas: colaboradora da FCG durante 9 anos – acompanhamento da execução dos projetos “Reestruturação Curricular do Ensino Secundário em Timor Leste”, “Playgroups” e Intesys.
Integrou a equipa de avaliadores independentes do Projeto Europeu “Cidadania Ativa”, liderado pela FCG.
Além da sua actividade profissional colaborou noutras áreas: Catequista na Igreja de Algés, Sindicalista dos Têxteis e Voluntária da RH+50.

1 – Ana, és uma associada da SMV muito activa: pertences ao grupo inicial que criou a associação e eras membro da primeira direcção, e actualmente continuas a fazer parte da (nova) direcção. Acreditas profundamente na SMV e na sua força para continuar?

É minha convicção que a SMV é um Projeto que responde ao desafio de pessoas que adotam uma atitude proativa no seu próprio processo de envelhecimento.
A anterior Direção fez um caminho de construção de ação nas áreas estratégicas de intervenção, tendo como trave mestra a partilha de competências e experiência de vida dos seus voluntários. O Plano de Ação da atual Direção propõe a sua consolidação e reforço. Estão assim reunidas as condições para que a nossa Associação possa dar continuidade ao desenvolvimento de projetos de cooperação que visem apoiar o reforço institucional, a capacitação de pessoas e suas comunidades e a promoção do desenvolvimento sustentável, com recurso aos saberes e experiência profissional dos seus voluntários.

2 – Além de fazeres parte da direcção, contribuis no projecto Mentoring, do qual fazem parte 20 voluntários da SMV. Qual ou como é a tua participação neste projecto?

O projeto “Mentoring Ser Mais Valia” tem uma equipa coordenadora e, com o contributo dos mentores, tem vindo a efetuar os ajustamentos necessários para que o Mentoring cumpra o seu objetivo capital – amenizar as dificuldades da integração dos estudantes dos PALOP e assim contribuir para potenciar o seu sucesso académico.
Como costumo dizer, é necessário “dar esperança e capacidade de sonhar” porque a grande maioria dos estudantes, que chega a Portugal, enfrenta um caminho com muitas pedras, desde logo a inexistência de apoio à chegada e a falta de alojamento assegurada. Sucedem-se depois as dificuldades inerentes às debilidades no domínio da língua portuguesa e a um conhecimento e saberes desajustados ao grau de exigência das universidades.
O número de estudantes que pretende apoio está em crescendo, o que provoca a necessidade de mobilizar mais voluntários. Para complementar o trabalho realizado pelos mentores da SMV, contamos também, neste momento, com o apoio de onze “Amigos do Mentoring”, uma empresa e a Pastoral Universitária de Braga, que têm dado um precioso contributo, em áreas específicas do ensino.

3 – O projecto MENTORING já deu frutos “valiosos” – um dos mentorados concluiu o mestrado e seguiu para o seu país (Guiné-Bissau) para exercer um cargo. Como te sentes perante este êxito, que também inclui a SMV?

Assistir à dissertação de Mestrado, em Administração Educacional, do N`Cak Morgado que mereceu a menção de Excelente, foi um momento de enorme satisfação e orgulho. Saber que o N`Cak voltaria, para a Guiné-Bissau, para colocar em prática os conhecimentos que tinha adquirido, foi igualmente um momento especial.
Por outro lado, a satisfação de dever cumprido espelhada na cara da sua mentora, Teresa Macara, bem como a sua afirmação de que saiu deste processo mais rica, reforçou o meu convencimento de que a SMV tem de continuar a desenvolver este projeto de forma empenhada.
Este ano o Mentoring está a apoiar 31 estudantes dispersos por todo o nosso país. Em breve, esperamos assistir à defesa de tese de outro mestrando e à conclusão de licenciatura de um estudante que apoiamos desde o início.

4 – Conhecendo como conheces a SMV e a sua dinâmica o que proporias no sentido de a sua acção crescer e chegar a mais pessoas e mais projectos?

Penso que para crescer e fazer chegar mais longe o trabalho da SMV, é necessário:

  1. Continuar a trilhar um caminho de responsabilidade no cumprimento dos compromissos que assumimos com os nossos parceiros, o que exige planificação, boa gestão dos recursos e avaliação da ação desenvolvida.
  2. Apostar na atualização e reforço de competências dos voluntários para responder aos novos desafios que se colocam à SMV. A nossa ação é desenvolvida através da partilha de experiências para colaborar na construção da solução de problemas e assenta no respeito pela diversidade cultural.
  3. Estender a intervenção a novas áreas, nomeadamente à capacitação em Direitos Humanos e ao reforço de competências que visem capacitar e valorizar pessoas e organizações que promovam o crescimento económico sustentado e inclusivo, caminho indispensável para o desenvolvimento sustentável dos seus países. Talvez porque seja a minha área, considero importante um caminho de afirmação na área da organização e gestão através do desenvolvimento de projetos que tenham como objetivo promover a gestão e rentabilização dos recursos que são sempre escassos. Podemos fazer chegar muitos e variados recursos, mas se não existir uma gestão parcimoniosa e criteriosa desses mesmos recursos será como deitar água na areia.

 

Recolhido por Isabel Amorim