4 perguntas a Dalila Pinto*

1 – A Dalila, portuguesa e sul-africana, descobriu a associação Ser Mais Valia. Como foi essa descoberta ou de que forma lhe chamou a atenção?

Em 2015, quando me aposentei e vim viver em Lisboa, comecei logo a trabalhar com vários projetos de voluntariado. Ouvi falar na associação S.MV. e quando percebi qual era o foco da Associação e quais os seus valores, fiquei muito entusiasmada.  Vi uma oportunidade para me envolver em atividades novas e estimulantes que me dariam uma oportunidade para partilhar os meus conhecimentos, mas sempre continuando a aprender.

A possibilidade de voltar a trabalhar em África atraiu-me. Nasci na África do Sul e tinha família em Moçambique (a minha mãe é natural desse país). Em nova, visitei o país muitas vezes em férias e mais tarde continuei a viajar lá em trabalho. Também fiz parte duma equipe que trabalhou em Angola.

2 – Tornou-se associada da S.M.V. Tendo um percurso profissional muito forte na área da educação, sobretudo na formação de professores e na produção de materiais educacionais, vai ser muito útil em futuras missões. Qual é o tipo de missão que a interpela mais?

Os projetos que me atraem são aqueles que têm como objetivo apoiar os professores e os alunos, especialmente nas classes iniciais. Estou interessada nos métodos de avaliação dos alunos, assim como na avaliação de programas educacionais e de materiais.

Falando mais concretamente, o tipo de missão que me motiva mais envolve trabalhar numa dinâmica muito interativa com os professores e os alunos. Por exemplo, para ajudar os professores a melhorar o seu ensino, precisamos de modelar as metodologias mais adequadas. O desafio é sempre conseguir que os professores usem a sua própria criatividade para resolver os seus problemas.

3- Sei que está a dar apoio na área da língua inglesa a uma jovem russa. Como chegou ela até si? Através do Lisbon Project?

Sim, foi exatamente isso. Tive conhecimento do Lisbon Project e vi que podia haver uma sintonia entre o L.P. e a S.M.V. (Basicamente, o Lisbon Project oferece apoio voluntário a refugiados, na inserção em Portugal. São cerca de 20 jovens de diversas nacionalidades. O financiamento é variável e de empresas diversas). Em Junho do ano passado, a Fernanda Gomes (gestora de projectos da S.M.V.) e eu tivemos um encontro com as coordenadoras do Lisbon Project e ofereci-me para dar sessões de ‘English Conversation’. A jovem russa tinha pedido a ajuda do Lisbon Project para encontrar uma pessoa que lhe pudesse ensinar Inglês. Eu não esperava vir a ensinar Inglês básico! Por um lado tem sido interessante, mas ultimamente um pouco frustrante devido ao confinamento. Mesmo assim, a dinâmica entre nós é boa, e assim que pudermos, vamo-nos juntar para continuar com as nossas sessões no espaço do Lisbon Project na Alameda.

4- Através do seu olhar novo e muito recente sobre a S.M.V., qual seria a sua sugestão para novos projectos, novas formas de agir no terreno agora que se abre uma época nova ou diferente pós-covid?

Na minha opinião, as formas de agir devem sempre ser em resposta às necessidades específicas – portanto devem surgir do contexto atual. Significa procurar entender – por meio de consulta, observação e análise – as necessidades, motivações e opiniões das partes interessadas. Tal análise de contexto requer muitos recursos e por essa razão faz sentido trabalhar em pareceria com organizações que já estejam no terreno. Existem várias organizações não governamentais como, por exemplo: a Planet Aid, AID-Global, Unicef, Save the Children e muitas mais, que já construíram uma certa infraestrutura, e com as quais poderíamos procurar colaborar.

 

Recolha por Isabel Amorim

Voluntário da SMV

* Dalila Pinto nasceu na África do Sul em 1947.

A sua língua materna é o português (é filha de mãe moçambicana) mas considera o inglês o seu idioma principal.

A sua formação é na área da educação, tem um PhD em Educação; foi professora e assistente na área do desenvolvimento do ensino-aprendizagem e de comunicação no contexto do ensino superior; trabalhou na produção de materiais de ensino-aprendizagem e na formação de professores; tem trabalhos e manuais publicados.

Gosta de fazer voluntariado.

Regressou a Portugal em 2015 e veio ao encontro da S.M.V., onde já é associada e uma cooperante activa e entusiasta.