A importância estratégia de acesso à água e qualidade de vida na Guiné Bissau

A importância estratégia de acesso à água e qualidade de vida na Guiné Bissau

 

É intrínseca a ligação da água com a vida, o bem-estar e a saúde, reconhecida com avanços científicos e a sua oferta deve ser assegurada nas próximas décadas em países em vias de desenvolvimento.

A estatística tem apresentado o continente africano, em particular a África subsaariana, como região mais afetada pela qualidade de água.

A água está presente em todos os aspetos do desenvolvimento humano e a água potável constitui um dos alicerces mais básicos do desenvolvimento humano, contribuindo para melhorias a nível da saúde e para o crescimento económico.

O potencial em recursos hídricos, na Guiné-Bissau, deve-se às águas superficiais com grandes bacias hidrográficas, com destaque para o rio Geba, assim como águas pluviais com índice que oscilam entre 1200 mm na região norte e 2830 mm eixo sul sudeste.

De acordo com dados de inquérito de indicadores múltiplos de 2014, dos serviços de estatística da Guiné-Bissau, a maior percentagem da população que usa fonte de água potável concentra-se na capital com 97%. Com relação à água canalizada, apenas 4% da população usa água canalizada no interior da casa; 5% no quintal; 17% no quintal do vizinho e 12% no fontanário público. Em termos regionais somente Bissau (Setor Autónomo de Bissau) e Gabú apresentam alguns valores, embora baixos, sobre o uso de água canalizada no interior da habitação (11% e 7% respetivamente).

A água do rio/ribeiro (fonte não melhorada) continua a ser usada nas regiões de Quinara, Tombali, Gabú e Bafatá com (2%, 1%, 1%, e 1% respetivamente). Nas Regiões de Biombo e Oio, a segunda fonte mais importante de água é o poço não protegido (fonte não melhorada), representando respetivamente, 61% e 59% da população.

As águas dos rios que apresentam poluentes, constituem fontes nocivas para a saúde humana, e algumas ações antrópicas podem contribuir para a sua contaminação podendo exemplificar-se o uso intensivo de produtos químicos na agricultura, assim como descarte e tratamento inadequado de resíduos.

A escassez de água adequada ao consumo humano aliada à falta de meios para a sua desinfeção constituem fatores de risco para o estado atual de transmissão de doenças por via hídrica no país. Sabemos que 53% da população rural e 84% da população urbana da Guiné-Bissau consomem água advinda do lençol freático, sem desinfeção prévia.

Este problema ainda persiste e torna-se mais severo considerando a inexistência de um sistema de saneamento para deposição adequada de resíduos tornando o país vulnerável à incidência de transmissão de doenças de veiculação hídrica, nomeadamente a cólera e malária que são destaques e recorrentes, gerando custos exorbitantes com internamentos e medicamentos e forte repercussão na qualidade de vida da população.

As soluções para abastecimento de água, na Guiné-Bissau, passam por:

– Prever, no Orçamento Geral do Estado, recursos financeiros para sector de água e saneamento.

– Desenvolver estudos de outras alternativas para o abastecimento de água integrando precipitação pluvial.

– Incrementar melhorias no sistema de captação mediante instalação de sistema fotovoltaico.

– Promover parcerias públicas-privadas para gestão sustentável de água.

– Formação dos técnicos para manutenção e monitoria em sistemas de abastecimento de água de forma a evitar desperdícios.

– Mobilização de outras fontes de financiamento para aumentar acesso aos serviços de abastecimento de água de qualidade.

 

Sadjo Danfá
Bolseiro do Instituto Camões (Mentoring SMV)
Doutorando em Engenharia Ambiental na Universidade de Coimbra