Dia da Guiné Bissau (24 de setembro)

24 de Setembro

Ou uma Ode a Independência

Em Bafatá
a profecia nasceu
e em Boé o mito se tornou realidade
A Guiné se libertou
24 de setembro
de 1973
nem mais nem menos
tudo estava a postos
mas por onde andava o Engenheiro
Chefe de Guerra que estava ausente?
Mas Cabral era o Chefe de Guerra!

Falfal Djonkou, o Engenheiro
era o Chefe de Guerra!
Ondjarama Abel Djassi
e os meninos da China
que desbravaram as matas
abrindo caminhos de Conacry a Tite
para o povo se sentir livre
e independente

Ondjarama Falfal Djonkou
o Engenheiro
foi pescar progressos nas estrelas
Obrigado a Osvaldo, Domingos, Rui,
Tchutchu Axon, Vitorino
Nino, Loló, Pedro,
Tchico Té e Saturnino
Obrigado Camaradas!

A bandeira verde vermelha e amarela
hasteou-se no mastro da esperança
findou a noite e raiou a madrugada
o povo cantou o hino de alegria
Quando desabrochavam
as pétalas do sol
e o vento do progresso soprou
entre brisas da bonança
e a aposta na mudança
para o horizonte da certeza

O povo tornou confiante
a estrela negra sempre vigilante
sufocâmos o eco do pranto e agonia
do campoês na lala lastimando pão
e a escassez das sementeiras
para orgulhar a colheita da pampam
no mês de setembro vitorioso

Há sorrisos nos olhos das crianças
que no fundo do abismo conseguem
escrever com tinta de esperança
a palavra amor  paz e liberdade
e no jardim das flores doiradas
respiram aromas da pujança
no amanhecer

Floriu nos céus o orgulho da pertença
unidos na diferença e na querança
somos frutos da mesma árvore mãe guiné gigante como o poilão de mil braços
que liberta lãs e abraços
no mar da fraternidade entre povos multicolores
e acolhedores
com raizes suplantadas
no sonho das noites de escravidão, de exploração, de alienação, de branqueamento da consciência
e desumanização da condição cultural
do homem despojado da sua riqueza
e beleza no seu habitat natural
em solo sagrado de heróis valentes

e destimidos que juraram
sob chuvas e ventos
e sobre pedras e cal
vertendo suores e sangue
da luta
o verde dos matos e o azul infinito do mar que nos embriaga e nos encanta com seus cantos de sereias
que nos fortalecem
e nos dão a força para vencer adamastores e mostrengos
em quaisquer cabos e  oceanos
somos invencíveis
na terra no mar e no ar
o Strela 2 cantou em plena luz do dia
os refrões da morte e agonia
em Gigage Giledje e Gadamiel
o mistério das malilas e tarrafes
tornou claro a olhos do inimigo

Na ilha do Como
ensaiámos a dureza
do chão amargo
com firmeza e destreza
contornámos os mares
abrilhantado os céus com a magia
de arco-iris e pirotecnias
que inspirou a luta para durar
mais noites e luas e chuvas
e madrugadas glorificantes
santificando em Cassacá
o ritmo vibrante
para a vitória retumbante.
Madina de Boé
transcreveu a morna do silêncio
floriu nos céus a bandeira da luta
e abraçamos o inimigo fraternalmente
para dançarmos o Ngumbé
na linha ocidental de abraços saudades
Adão Quadé
Lisboa:24/09/2021