Quando a revista Time apresenta na capa António Guterres, secretário Geral da ONU, mergulhado em água até acima dos joelhos, a editorial Presença publica em Portugal o livro “A nossa casa está a arder”, de Greta Thunber. A ordem natural das coisas é assim: num lugar um efeito, noutro o seu oposto.
A 17 de junho vivemos – vivemos mesmo? – o Dia Mundial de Luta Contra a Desertificação e a Seca. E a 20 de Junho foi o Dia Mundial dos Refugiados.
Isto está tudo ligado. Não só ligado entre si, a revista e o livro, a seca e os refugiados, como ligado com os nossos pequenos e grandes gestos do dia a dia.
Sabemos que há debate entre cientistas sobre o nível do impacto humano sobre o ambiente, mas sabemos também que a grande maioria deles partilha a ideia de que é grande esse impacto. De qualquer modo, o princípio da prevenção – mais vale prevenir o que não seremos capazes de remediar – intima-nos a termos cuidado com a forma como delapidamos recursos e provocamos catástrofes á distância. Há alguma razão para valer mais uma vida perto de nós que uma vida à distância?
Além disso, obrigamos as pessoas a fugirem da seca e da morte e depois sentimo-nos invadidos e recusamos a recebê-las como refugiados?
A 20 de Junho foi o Dia Mundial dos Refugiados. Sim, isto está tudo ligado.
P.S. – A 1 de Junho foi o Dia da Criança. Também está ligado?
José Alves Jana
