KRIPOR III – Festa da Língua Portuguesa: Projeto do Instituto Camões (IC), com 100 horas de formação, em parceria com a Ser Mais Valia e o Hotel Coimbra, destinado a jovens guineenses que vão estudar para Portugal em licenciaturas, mestrados e doutoramentos.
Depois de conhecer os 14 jovens com quem ia trabalhar e me aperceber do entusiasmo com que encaravam cada tarefa, por pequena que fosse, não tive dúvidas de que havia ali terreno fértil para lançar a ideia que trazia na mala pedagógica: “Vamos escrever poemas haiku?”
Mas como escrever poesia sobre a natureza numa sala prosaica e sem luz natural me parecia coisa pouco apelativa, sondei o IC sobre a possibilidade de fazer uma aula no exterior, centrada na observação de plantas e animais em espaços verdes.
Com a sugestão aprovada com entusiasmo, no dia previsto, lá seguimos para a aventura no Parque Europa Lagoa NBantonha, munidos de uma seleção de poemas japoneses dos séculos XVI e XVII, papel e lápis, máquinas fotográficas e entusiasmo para dar e vender.
Depois de uma breve exemplificação do processo de escrita, o parque e as ruas circundantes foram passados a pente fino perante o olhar interessado de um ou outro turista e dos bissauenses que iam passando.
A concluir a atividade, ainda passámos pelos jardins da embaixada (com direito a uma calorosa receção pela equipa da cooperação) à procura de novos motivos de inspiração.
No regresso à sala, todos organizaram as informações recolhidas para, na aula seguinte, passarem à escrita dos poemas haiku.
O resultado superou todas expectativas (que já eram boas à partida) e foi organizada uma seleção de poemas que fizeram sucesso numa projeção integrada num espetáculo musical na embaixada de Portugal, no Centro Cultural Português, mesmo no final da missão.
Deixo um “cheirinho” das obras de arte dos jovens:
O raio de sol E os sons das aves Despertam emoções
Um som
Um susto
E lá se foi a borboleta branca
Passarinho feliz
Aonde vais?
Leva-me contigo.
Olá, Sol Diz a flor Ao som do calor
Querida borboleta,
Pousa em mim
Que eu também sou flor
Houve dias sem ti
Também há dias sem sol
A brisa prova que tudo passa
Borboleta branca
Pousando nas folhas verdes
Que coisa mais linda!
Formiga solitária
Não te irrites
Eu só estou de passagem
Uma experiência que foi e perdurará em mim como um momento único de felicidade intelectual!
António Pereira