Estava tudo pronto: os papéis oficiais (das vacinas ao bilhete de avião) e os materiais para as 20 aulas de três horas de melhoria das competências em língua portuguesa, falada e escrita. No comboio, chega-nos a notícia: “golpe de Estado” na Guiné-Bissau. “Mas para onde é que vocês vão?”, perguntava a família. Para Bissau, é claro. Só tínhamos um receio: o pior que pode acontecer é fecharem o aeroporto e termos de regressar a Lisboa. Isso, não.
No aeroporto de Lisboa, a Ser Mais Valia foi dar-nos um abraço de Boa Viagem e no de Bissau o Camões – I.C.L. (Drs. António Nunes e Paula Costa) um abraço de Boas Vindas aos dois voluntários que chegavam. A caminho de casa, não demos conta do tal “golpe de Estado”. E à chegada à Casa da Cooperação, onde iríamos ficar instalados, o António Velhinho, outro voluntário da Ser Mais Valia, tinha outro abraço para nos dar, mas neste caso adornado com chá e bolachas, para nos retemperar da viagem. Simpático.
No dia seguinte, domingo, o António foi o nosso cicerone pela cidade de Bissau. E o “golpe”? Alguns militares… Mas como não tínhamos termo de comparação… Bem, do dito “golpe”, o que ficou bem claro é que não iríamos começar as atividades previstas: o Poder foi substituído e do doutro lado o Instituto Camões (ainda) não tinha interlocutores… Os dias seguintes foram para o Instituto saber com que podia contar da nossa parte e procurar novas hipóteses de trabalho que nos pudesse confiar. “Nós trazemos um trabalho a cumprir, mas, sendo impossível de realizar, temos delegação da Direção da SMV para negociarmos uma alternativa “, explicámos. Entretanto, ficámos livres para, nos intervalos das reuniões, aprofundarmos o primeiro conhecimento da cidade, das pessoas e da cultura local. Só na sexta-feira é que o Jana começou a lecionar uma turma, das 9h00 às 12h00. Entretanto, a Maria continuava a fazer a preparação para uma nova atividades com crianças.
O António continuava com as duas turmas de aprendizagem do Português, que já trazia de antes do novo estado de coisas.
A meio da segunda semana, a Maria fazia os últimos preparativos para iniciar a sua primeira turma e o Jana para começar com as suas atividades alternativas. E pronto, cá vamos indo, os três, o melhor que podemos, isto é, nada mal como equipa de trabalho.
P.S. – O António quer dar cabo de nós a andar a pé… mas nós deixamos, porque nos faz bem.
Maria Espírito Santo e José Alves Jana