“É um continente demasiado grande para poder ser descrito. É um verdadeiro oceano, um planeta independente, um cosmos variado e rico. É apenas por uma questão de simplicidade e de comodidade que falamos de África. De facto, essa África não existe sequer, a não ser como conceito geográfico” *
Creio bem que esta seria a resposta do reporter polaco Ryszard Kapuscinski caso lhe fosse colocada a pergunta que tomamos para título. Esta questão coloca-se como ponto de partida para olharmos a impossibilidade de fronteiras e limitações num tempo em que a circulação é planetária e por isso a responsabilidade, o envolvimento e a celebração não podem conhecer geografias limitadas.
25 de Maio é, desde 1972, celebrado como o Dia de África ou o Dia da Libertação Africana. Desta forma a ONU pretendeu assinalar o percurso de independência das diferentes nações daquele continente face ao colonialismo e aos regimes racistas, como foi o caso do Apartheid. É também uma data associada ao desejo de um continente desenvolvido, mais justo e unido. Celebrar este dia e estes ideais não deve ser um exclusivo dos nascidos naquele continente e muito menos uma circunstância regional, desarticulada ou desligada da responsabilidade e empenho de todas as nações.
Por isso, porque na Ser Mais Valia fazemos parte deste desejo de liberdade, justiça e desenvolvimento sustentável queremos continuar a celebrar o Dia de África, mesmo depois do dia 25 de Maio, em qualquer parte do mundo, através dos projetos, das missões e das diferentes ações em que nos envolvemos. Porque afinal, como disse o Nobel da Paz Desmond Tutu “Somos todos africanos”.
Elisa Santos
* “Ébano, Febre Africana”, Ryszard Kapuscinski, 1998 Detalhe de mural de Esther Mahalangu, 2018
