4 perguntas a Laurinda Alves

 

 

Laurinda Alves é um nome sobejamente conhecido pela sua presença  em múltiplas actividades, quer na área do jornalismo, quer na solidariedade.

Nasceu em 1961, é uma jornalista atenta ao mundo e ao que nos rodeia, escreve sobre temas que nos interpelam, muito empenhada em causas, escritora, professora universitária e voluntária.

Acredita que cada um de nós pode mesmo ser a diferença e que a confiança gera mais confiança.

É amiga atenta da SMV.

 

1- Laurinda, queres dizer-nos como tiveste conhecimento da existência do Projeto Mais Valia que, mais tarde, deu origem à actual associação Ser Mais Valia?

Soube da existência da Ser Mais Valia da melhor maneira possível: através de uma grande amiga que ia partilhando comigo a evolução do projeto e o impacto que ia gerando em quem se voluntariava, mas também em quem começava a beneficiar dele e de tudo o que envolve. Fascinou-me o propósito deste projeto que se converteu em Associação e sinto que acrescenta realmente muito valor individual e comunitário.

 

 

2- Tens sido uma amiga atenta da SMV, perguntando e acompanhando à distância. Como vês hoje a associação?

Sinto que consolidou os objetivos e reforçou uma estrutura que é eficaz e colhe muitos e bons frutos. Nos voluntários, porque sentem que pertencem a uma equipa forte e coesa, que gera um impacto muito resgatador nas pessoas que tocam; nas comunidades, porque a Ser Mais Valia não se limita a dar o peixe, mas ensina a pescar. A metáfora é antiga e estará, porventura, gasta. Mas é a que mais se aplica à associação Ser Mais Valia.

 

 

3- És, como é do conhecimento geral, uma mulher e jornalista de causas, fortemente empenhada e comprometida. A nossa «causa» interpela-te e sentes que poderias fazer parte da SMV?

Espero que não me levem a mal o abuso, mas eu já me sinto parte da SMV. Por todas as razões e por mais uma, como também se costuma dizer. Pelas razões da eficácia e resgate humano, que tanto me dizem e com as quais me identifico completamente, mas também por eu própria ter 58 anos e uma vontade enorme de poder vir a dar contributo como voluntária da SMV. Sou voluntária de várias causas e em várias associações e organizações, mas sinto uma identificação total com a Ser Mais Valia.

 

 

4- Somos uma associação de voluntários com idades superiores a 55 anos, com um forte envolvimento em projectos em África e alguns no nosso país. Na tua perspectiva de mulher, jornalista, alguém muito atento ao mundo e às suas carências mais profundas, o que esperarias encontrar na SMV ou que tipo de ações achas que poderíamos, também, abraçar?

Duas áreas estratégicas para actuar, em minha opinião: a comunicação e o conhecimento. Duas áreas muito vastas e abrangentes, bem sei, mas absolutamente críticas nos tempos que correm. A primeira vai da comunicação/informação, à comunicação/relação com os outros e connosco próprios e é vital. Só conseguimos gerar mudança a partir da consciência de quem somos e do que trazemos connosco, mas também de quem são os outros. O mundo está cada vez mais complexo e estar informado, saber conversar consigo próprio e comunicar com os outros, sem distorcer as mensagens e sem ficar refém de notícias falsas ou enviesadas, é decisivo. Precisamos de colaborar mais e melhor e isto só se consegue através de uma comunicação clara, construtiva, limpa e eficaz.

 

Quanto ao conhecimento, é uma área ainda mais abrangente, mas destaco a necessidade de gerar uma mudança sistémica na área do ensino básico e complementar, pois ainda é uma grave lacuna em muitos países africanos. Facilitar o acesso à escola, real ou virtual, providenciar ferramentas úteis e facilitadoras, criar o gosto por aprender e também por ensinar, muda toda uma comunidade. E os países mudam quando as comunidades mudam e as pessoas mudam.

 

Não me quero alongar, mas penso que estas são as áreas mais críticas, até porque o empreendedorismo, a iniciativa individual, a confiança para arriscar e avançar nascem desta combinação de uma comunicação mais efectiva e um conhecimento mais amplo e reforçado.

 

Por Isabel Amorim