Maria Rosa Ferreira nasceu no concelho de Leiria, no seio de uma família muito numerosa.
Inquieta e voluntariosa, aos dezasseis anos foi viver para Lisboa, para poder trabalhar e estudar, porque ambicionava uma profissão mais diferenciada. Nos anos 80 fez o Curso de Promoção a Educadores de Infância, promovido pelo Ministério da Educação e realizado em regime pós laboral. Trabalhou em diferentes locais e com metodologias muito diversificadas até chegar o momento da reforma.
Actualmente vive no Entroncamento e é associada da SMV.
1 – Fazes parte da SMV desde a primeira hora, ainda enquanto projecto da Fundação Gulbenkian. O que te motivou e levou a concorrer ao projecto?
Tinha disponibilidade de tempo ao ficar aposentada e a experiência adquirida na profissão e exercida em locais e com metodologias muito diversificados, achei que eram boas ferramentas e que correspondiam aos requisitos do Projecto Mais Valia.
África era um território que me despertava alguma curiosidade, a filosofia do projecto era interessante e partilhar com outros era uma forte motivação.
2 – Foste duas vezes em Missão – Ilha do Príncipe e Angola. Sentes que o teu trabalho no terreno foi só importante no momento da missão ou ficaram sementes para uma continuidade de desenvolvimento? E em ti, o que permaneceu?
O trabalho desenvolvido na missão da Ilha do Príncipe foi de uma adaptação aos locais e acontecimentos, com questionamento do que era pertinente fazer ali, como e com quem.
As crianças foram muito receptivas, tanto nas actividades como na utilização de materiais muito conhecidos delas, mas usados para novas finalidades.
Os educadores e auxiliares também participaram e um novo olhar foi acontecendo.
Em Angola houve alguma falta de diálogo e entendimento para afinar as fases da intervenção e o papel de cada um. O resultado não foi o esperado por ambas as partes.
Em mim ficou para sempre uma maior abertura do coração a todas as diferenças.
3 – Atendendo à especificidade da nossa acção, sobretudo enquanto pessoas mais velhas, o que realizamos é só a pensar no OUTRO ou também em NÓS?
É preciso muita disponibilidade e entrega na gratuidade e há momentos em que é difícil.
4 – Vives fora de Lisboa, embora se diga que hoje não há distâncias. Sentes a SMV próxima ou distante de ti? De que forma sentes essa proximidade ou o que melhorarias para ela existir?
O meu envolvimento na SMV é muito pouco, porque a distância é uma condicionante, os e-mails são informativos e a acção do “fazer juntos” fica pobre.
Fui encontrando novos entusiasmos por outras coisas.
Todas as iniciativas para aproximar pessoas e partilhar saberes são louváveis em qualquer lugar… a filosofia inicial mantem-se.
Recolha por Isabel Amorim