Transportar Água

Numa missão no sul da Guiné-Bissau, em 2019, verifiquei quão difícil é viver, quando não estamos apetrechados de infraestruturas como aquela, para nós tão básica, que nos traz água a casa. Lá, não existem torneiras, quem quer água tem de ir buscá-la. E ela pode estar algo distante, num poço, num lago, ou em poças de salubridade duvidosa. E em tempos de seca, a distância a percorrer para se ir à água poder ser da ordem duma dezena de quilómetros.

Como se transporta a água? São principalmente mulheres, com vasilhas de plástico à cabeça, que calcorreiam regularmente os caminhos da Guiné levando o precioso líquido aonde ele é mais necessário. Mas não só as mulheres. Vi também crianças, algumas de tenra idade, com garrafões à cabeça quase tão grandes como quem os transportava.  Alguns privilegiados vão à água de bicicleta, mas o esforço não é menor. Os garrafões são agora de maior capacidade e não é fácil conduzir uma bicicleta com uma mão enquanto a outra segura o garrafão pesado em cima do quadro. E os caminhos da Guiné não são de asfalto, apenas de terra batida, com muitas armadilhas para quem conduz, mesmo de bicicleta.

Onde eu estava alojado, existia um poço, uma bomba, um reservatório e, portanto, torneiras na cozinha e na casa de banho. Uma situação de exceção que me permitiu não ter de ir à água e assumir o privilegiado que era. E constatar também que há ainda muito que fazer em termos de desenvolvimento humano.

A Ser Mais Valia tem em curso uma campanha para angariação de fundos para a abertura de um poço de água em Cacine, no sul da Guiné-Bissau, precisamente onde durante dois meses estive a ensinar informática na ótica do utilizador. Este projeto, a concretizar-se, vai permitir que a população da Vila tenha água mais perto e mais salubre.

Saiba mais e contribua para a realização deste projeto aqui.

 

Edmundo Cardeira
Voluntário da SMV