António Pereira
conhece Yekine e a Academia
Foi há cerca de um ano, no final de julho, que conheci o Yekine.
No regresso de uma missão como voluntário na ilha de Rubane, nos Bijagós, fiquei alojado algumas noites no Hotel Império, em Bissau, e foi aí que me cruzei com o Yekine, um dos rececionistas.
Entabulámos conversa e passei a acompanhá-lo com aulas de língua portuguesa duas a três vezes por semana.
Foi nas “aulas de conversa”, verdadeira partilha das nossas vidas, que soube da existência da Academia Yekine e do trabalho notável que lá se faz com cerca de 100 crianças e jovens. O foi futebolista e, pelo que me disseram, tinha jeito para a função.
No início de setembro, após mais um mês de missão, no âmbito da associação “Ser Mais Valia”, regressei a Lisboa com vontade de fazer duas surpresas ao meu amigo. Conseguir do FCPorto a oferta de uma camisola XL com o nome e assinatura do Danilo (o grande ídolo do Yekine) e pelo menos uma bola de futebol “a sério” para a academia.
Falei com a amiga Mafalda França, na altura presidente da SMV, e, graças ao seu empenhamento, foram conseguidas três bolas lindas e dois cachecóis do Benfica.
Quanto à camisola do Danilo, apesar da soma de boas vontades e dos contactos estabelecidos com o FCPorto, ainda não há resultados. Tenho esperança de que, mais tarde ou mais cedo, haverá boas notícias, sobretudo num momento em que o clube acaba de se sagrar campeão nacional.
No regresso a Bissau, já em 2020, emocionado, o meu amigo Yekine recebeu as bolas do Benfica e combinámos que eu me deslocaria à academia, situada no Bairro do Enterramento, em data a combinar.
Num sábado, ao fim da manhã, lá fui conhecer a Academia Yekine e uma parte dos jovens. Assisti aos treinos (juniores), enquanto os mais pequenos assistiam com entusiasmo.
No final do treino, houve o momento das fotos com todos os presentes e as bolas (muito apreciadas por todos).
Após as fotos, almoço em casa do Yekine e convívio com familiares e amigos ao longo da tarde. Um dia em cheio!
As muitas horas de convívio com o Yekine, em situações de escrita e de oralidade, permitem-me dizer que é um jovem bem-formado, responsável, inteligente, focado no que faz e que tem um sonho que partilhou comigo: FAZER FELIZES AS CRIANÇAS DO SEU BAIRRO! A que ele chama “nha fidjus” (os meus filhos). A academia que criou (com outras pessoas) e que dirige, com orgulho e carinho, em homenagem ao pai (já falecido) e à D. Linda (a mãe), dá corpo a esse sonho.
António Pereira
voluntário da SMV