Casa de acolhimento de órfãos, em África

DIA DA CRIANÇA AFRICANA (16 de junho)

O diamante africano

 

Estamos habituados, demasiado habituados, a sentir a África como um continente perdido: pobre e, quase certo, sem futuro. Podemos até reunir uma série de razões que sustentariam este ponto de vista. Mas, para isso, é necessário esquecermos um facto importante.

A África é um continente com imensas riquezas. E a principal delas é a sua demografia: é um continente jovem. Duplicou a sua população nos últimos 30 anos e responde por metade do crescimento da população mundial. Basta olhar para África: são imensas as suas crianças. A África tem futuro.

Contudo, as crianças são uma riqueza condicionada. Para garantirem um bom futuro para África precisam de dois fatores decisivos: saúde e educação. A saúde vai evitar que as mães tenham de ter muitos filhos e vai aumentar a esperança de vida, hoje ainda muito ameaçada. A educação vai permitir que uma criança se torne num homem ou mulher eficaz, para si mesmo e para a sua comunidade. Por isso, tudo o que se fizer a favor da qualidade dos serviços de saúde e de educação é um contributo decisivo para um futuro melhor. Cada criança é um diamante, mas nasce como um diamante em bruto, precisa de ser lapidado e bem encastrado.

É claro que é ainda importante qualificar as condições de governança em todos os países. A instabilidade política, as lutas entre as grandes potências pelas riquezas de África, a criminalidade organizada, uma desigualdade gritante, entre outros factores, colocam sob ameaça o futuro de África e a promessa que as crianças ainda são. Mas crianças-soldado, crianças escravizadas, crianças maltratadas sob preconceitos de longa história, crianças órfãs por razões sociais são, entre outras, ameaças que pendem sobre a cabeça das crianças africanas e, portanto, sobre o futuro de todo o continente. Por isso, tudo o que se fizer a favor da qualidade da boa governação em África vem reforças as perspetivas de um futuro promissor para os africanos.

      

África não está condenada. O seu futuro está nas suas mãos e também nas mãos de todos os que de fora se relacionam com África. Mas há uma forte razão para a esperança dos africanos. Apesar de todas as limitações, a generalidade dos países africanos tem vindo a fazer um percurso de qualidade ascendente em múltiplos aspectos. E não há razões para que essa caminhada seja interrompida. É preciso não esquecer que os outros continentes também têm os seus problemas (o envelhecimento é só um deles) e há cada vez mais africanos preparados para conduzir os seus países e África no seu conjunto para níveis superiores de qualidade de vida. Os diamantes africanos poderão brilhar mais cedo do que estamos à espera.

José Alves Jana
Voluntário da SMV