DIA INTERNACIONAL DA EDUCAÇÃO (24 de janeiro)

24 de Janeiro …. Dia Internacional da Educação

Dalila Pinto *

O 3º Dia Internacional da Educação que se celebra a 24 de janeiro, será marcado na segunda-feira, 25 de janeiro de 2021, sob o tema ’Recuperar e revitalizar a educação para a geração COVID-19’.

De acordo com a UNESCO, 258 milhões de crianças e jovens não frequentam a escola e 617 milhões de crianças e adolescentes não sabem ler nem fazer cálculos matemáticos básicos; menos de 40% das meninas na África subsariana concluem o ensino médio e cerca de quatro milhões de crianças e jovens refugiados estão fora da escola. Para a ONU, o direito à educação destas crianças está a ser violado, situação que considera ser inaceitável. O direito à educação, consagrado no artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, exige educação elementar gratuita e obrigatória⁽ⁱ⁾. É importante notar que estas estatísticas se referem a dados prévios à pandemia da COVID-19.

Qualquer resposta implica considerar no contexto actual três grandes desafios. Mas a verdade é que obstáculos muitas vezes são oportunidades….

O primeiro desafio está relacionado com a forma de entrega de programas curriculares. Agrande resposta educacional à pandemia da COVID -19 nos países com melhores recursos tem sido a transmissão de programas de aprendizagem online, existindo uma oportunidade de criar programas digitais que promovem a criatividade dos alunos.

Sabe-se que é nos países em desenvolvimento que surgem os maiores desafios. Segundo a UNESCO, o maior obstáculo é “o fosso digital de alguns territórios – apenas 11% dos alunos na África subsariana têm um computador doméstico e apenas 18% têm Internet doméstica, em comparação com os 50% dos alunos a nível mundial que têm computadores em casa e os 57% que têm acesso à Internet”.⁽ⁱⁱ⁾

Todavia, em muitos destes países existe uma infraestrutura de rádio e televisão bastante activa e eficaz, que é recebida por um grande número de alunos e professores. Temos aqui uma oportunidade: os departamentos de educação podiam alargar a programação educacional desses media, em vez de investir em tecnologia educacional que pode ser muito cara.

O segundo tem a ver com o teor de os programas curriculares, muitos quais já foram ultrapassados. Considerando que se pretende a formação de cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da própria vida, que sejam responsáveis e capazes de assumir uma atitude crítica perante a realidade, existe agora uma oportunidade para conceber programas relevantes com mais ênfase em diferentes tipos de literacia. (Por exemplo, a pandemia global revelou os efeitos da falta de conhecimento científico ou – ainda mais grave – a negação de tal conhecimento).

O terceiro desafio está relacionado com a questão do financiamento. Alem dos fundos provenientes de fontes nacionais e internacionais, existe uma oportunidade para aumentar o envolvimento do sector empresarial no financiamento de projectos educacionais que têm como fim resolver problemas reais.

Já se sabe que a situação económica dos países está a ser afetada pela COVID-19 mas isso não altera este fato básico: o crescimento e a melhoria educativa devem ser uma prioridade nos países de rendimento médio e baixo, cujos jovens irão moldar profundamente o mundo.

Em termos do esforço global para transformar a educação, a UNESCO, num relatório sobre a educação num mundo pós-Covid, apresenta nove ideias-chave para a educação no mundo pós-COVID-19⁽ⁱⁱ⁾:

1– Promover a noção da educação como bem comum na origem do qual são gerados todos os outros bens e oportunidades.
2– Alargar o direito à educação para incluir maior acesso.
3– Valorizara profissão docente.
4– Promover a colaboração entre professores e alunos na co-construção da mudança desejável.
5– Proteger a importância da escola.
6– Disponibilizar recursos educativos e ferramentas digitais de acesso aberto.
7– Colocar a literacia científica no centro do desenvolvimento do currículo.
8– Proteger o financiamento nacional e internacional do ensino público.
9– Procurar uma solidariedade global que rapidamente possam ultrapassar as desigualdades atuais.