No tempo que vivi em Angola e Moçambique percebi que a preocupação de plantar árvores é recorrente. Os velhos são guardiões desta prática, mesmo sendo os que menos usufrirão dos frutos, da madeira e da sombra que hão-de vir. Aprendi também que é necessária uma aldeia para educar uma criança, e que há-de ser essa criança que fará a diferença na aldeia.
É habitual, em foruns políticos ou económicos, referir-se a importancia da educação no desenvolvimento dos países. É uma afirmação científica e há muito provada, mas é algo que nem sempre sabemos de cor, que é como quem diz, não sabemos de coração, não sabemos de experiência.
Eu conheço o Evaristo, a Rosa, o Meti, o Elísio, a Inês, conheço-os de perto. Vi-os estudar, vi-os mudar de vida, vi-os fazer outros mudar de vida e continuo a ver. No tempo que estive em Angola e Moçambique tive oportunidade de plantar árvores. Mangueiras, abacateiros, bananeiras, e também acácias e outras árvores de sombra. Era uma necessidade porque à sombra das árvores os velhos ensinam, as famílias choram e celebram, as comunidades reunem para decidir. A vida depende tanto de sombra como de frutos.
A educação dos mais jovens é a sombra que estamos a plantar, é o investimento fundamental para o futuro da nossa comunidade. A Ser Mais Valia convoca a aldeia inteira a juntar-se para educar seis jovens. Eles serão fruto e sombra, se assim quisermos.
Este é um investimento de futuro.
Elisa Santos
Sócia honorária da Ser Mais Valia