Malas nas Partidas e Chegadas

Chegada a Bissau, sem malas, mas com a vontade de partilhar conhecimentos, sugestões, de escutar experiências e vivências da Equipa de Enfermagem do Hospital S. José em Bôr.

Partida de Bissau com malas, carregadas de novas experiências, de novos saberes, de novos conhecimentos, de partilhas riquíssimas, de realidades diferentes, de diferentes culturas, de múltiplas emoções, de chuvas torrenciais, de semelhanças, de diferenças, de morte, de vida, de sobrevivência, de disparidade, de esperas angustiantes e infindáveis, de solidariedade, de acreditar e de esperança.

Apesar do horário pesado dos enfermeiros, das suas férias e das suas folgas, trabalhámos em conjunto sobre uma nova folha de registos de enfermagem adaptada à enfermaria e à unidade de terapia intensiva, sobre o que é ser enfermeiro na Guiné Bissau, sobre a importância da comunicação com o utente (crianças, pais e adultos), com o resto da equipa e o seu impacto, sobre os sinais vitais e em especial a valorização da dor como 5º sinal vital e as respetivas estratégias não farmacológicas. Com a técnica de serviço social, trabalhámos sobre a restruturação e a logística da sala de brincadeiras, onde, apesar do obstáculo da língua, se estabeleceram relações e emoções com os pais e as crianças que estavam internadas e onde os lápis de cor e as canetas de feltro coloriram por alguns instantes o seu dia no hospital.

Juntamente com a equipa médica e de enfermagem do hospital e do centro de saúde de Prabisfomos a Quisset, aldeia a meia hora de Bissau, com o objetivo de ser feita uma triagem de enfermagem e consulta médica às crianças e adultos da aldeia e se necessário ao encaminhamento hospitalar para os casos mais graves.

Esta excelente iniciativa partiu do hospital que possui uma unidade móvel, imprescindível para este tipo de intervenções a aldeias que não têm acessibilidade aos serviços de saúde.

Desta estadia de 4 semanas, em que foi um privilégio poder partilhar saberes com os meus colegas do hospital, ficam-me para sempre gravados os diferentes olhares de sobrevivência e de esperança de um povo que quer acreditar que dias melhores virão.

Luísa Guerreiro