Memórias de Missão (Hospital do Songo)

Hospital do Songo, Tete, Moçambique, 2016

 

 

No âmbito do Projeto “Mais Valia”, da Fundação Calouste Gulbenkian, estive no Songo-Tete-Moçambique, de 2 de novembro a 2 de dezembro de 2016. A missão desenvolveu-se em parceria com a Direcção do Hospital Rural do Songo e visava apoiar a melhoria da Qualidade dos Serviços Farmacêuticos do hospital com especial enfoque no depósito de Medicamentos Interno. Em concreto, pretendia-se capacitar os Farmacêuticos do HRS em matéria de gestão, conservação e aviamento de medicamentos e ministrar formação em trabalho em diversas áreas da especialidade.
A viagem correu bem, o acolhimento foi eficaz e fiquei instalada com outras voluntárias em instalações condignas.
Comecei a minha actividade no HRS visitando as várias áreas ou setores onde havia medicamentos. E, a partir daí, desenvolvi, com os profissionais ali em serviço, atividades de correção de procedimentos e de redação de documentos de referência, bem como alguma formação sobretudo na preparação de soluções diluídas. Foi dada formação em gestão de stocks de acordo com a metodologia KANBAN que significa sinal para ação.

Participei diariamente nas reuniões presididas pela Directora do HRS com os responsáveis de diferentes áreas (Otorrino/ Estomatologia/ Bloco Operatório/ Pediatria/ Maternidade/ Obstetrícia /Agente de Saúde/¬¬¬ Farmácia/ Banco de Urgência/ Médico/ Enfermeiro Chefe/ Oftalmologia/ Psiquiatria) sem esquecer o serviço de limpeza.

Eram reuniões muito participadas, em que era notória a importância que a Direção do HRS despensa à humanização dos Serviços, com o melhor apoio dado a cada doente, bem como à limpeza das instalações, PCI (Programa de Controlo de Infecções).
A Dra. Elisa Gundana é a Directora do HRS, cargo que exerce com elevado profissionalismo, sentido de Estado e visão.
Fiquei agradavelmente surpresa por constatar que durante a minha breve estadia (mês Novembro 2016) o HRS recebeu 2 inspeções (não avisadas). Uma relacionada com o manuseamento e conservação de medicamentos e outra para avaliar o grau de cumprimento dos protocolos médicos.

Durante a nossa estadia foi-nos sempre disponibilizado transporte para o local onde se tomavam as refeições e do HRS para o Centro da Vila do Songo quando se tornou necessário.
Observei como um povo com tanta carência consegue partilhar o que lhe faz falta, ou dito de outra maneira, é possível partilhar o nada. Numa das fotos veem-se crianças de várias idades a transportarem o bem precioso que é a água em contentores de diferentes dependendo da capacidade física.
Por toda experiência vivida neste projeto confirmo que valeu a pena, sinto-me uma privilegiada e grata pela partilha.

Maria Teresa Machado