Fim da violência contra as Mulheres

25 de Novembro é o Dia Internacional para a eliminação da violência contra as mulheres, uma data a registar.

Na sua origem começou por ser assinalado como um dia contra a violência baseada no género, em 1981, por activistas dos direitos das mulheres. A data foi escolhida para homenagear as irmãs Mirabal, três activistas políticas da República Dominicana que foram assassinadas a 25 de Novembro de 1960, por lutarem contra a ditadura de Rafael Trujillo (1930/1961).

Em 1993, depois de aprovar a Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres, a Assembleia Geral das Nações Unidas designou oficialmente o dia 25 de Novembro como o Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra as Mulheres, numa resolução adoptada em 7 de Fevereiro de 2000.

E neste 25 de Novembro a Gulbenkian acolheu a «Associação Corações Com Coroa» numa Conferência cujo mote era: «Violência e discriminação: ouvir para agir » – ponto de partida para um diálogo entre testemunhos, políticas públicas e práticas para uma sociedade mais inclusiva e mais solidária, assente na não-violência e na não-discriminação.

OUVIR: a importância de nos consciencializarmos desta realidade através de testemunhos reais de vítimas reais,

sentir a sua dor e solidão, a sua incapacidade para agir e sair da dependência de um poder exercido de forma perversa e manipuladora.
Os testemunhos abrangeram diferentes formas de violência e discriminação: género, social, racial, étnica, mutilação genital feminina, entre tantas outras.
As vítimas são de todos os quadrantes da sociedade; quer cultural, quer socialmente. Aquele que exerce a violência é quase sempre semelhante na atitude (todos os testemunhos assim o revelaram) – manipulador, perverso e violento, tanto física como psicologicamente.

AGIR: a dificuldade em fazer-se ouvir perante as autoridades, a solidão da vítima, o isolamento, o desistir da queixa por ausência total de apoio das entidades, a morosidade da justiça, a falta de recursos para pagar um advogado. São demasiados os entraves que impedem a vítima de sair de um círculo infernal.

DITADOS IMPOPULARES:
Um momento de humor muito sério que nos fez chamar a atenção, através da comicidade, para os ditados populares cujo fundo, quase sempre, é menorizar a mulher – entre marido e mulher não metas a colher – obrigando-nos a pensar sobre a forma de alterar o nosso comportamento e a focar a nossa atenção sobre um problema cuja dimensão e gravidade estão à vista de todos. Isto é connosco. Assim sendo: entre marido e mulher mete-se a colher.

Os números de todo o tipo de violência gritam alto:

26 mulheres assassinadas este ano em Portugal.

23.000 queixas apresentadas por violência doméstica.

A APAV apoiou 43456 vítimas de violência doméstica.

1 em cada 3 mulheres já sofreu algum tipo de violência doméstica.

1 em cada 20 mulheres foi vítima de violação.

1 em cada 2 europeus afirma que ter uma deficiência e a cor de pele/origem étnica são desvantagens no mercado de trabalho.

3 em cada 4 europeus considera os ciganos o grupo étnico que sofre mais riscos de discriminação.

2 em cada 3 refugiados são mulheres ou crianças.

200 milhões de mulheres no mundo sofrem a prática da Mutilação Genital – a cada 10 minutos uma menina passa pela MGF.

Estes números não são abstractos, são pessoas reais. A Agência do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), em Genebra, passou da denominação «Números Humanos» para «Direitos Humanos». A ONU escolheu este ano a Violação Sexual como tema para o «Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres».

É preciso querer saber para saber como agir. É uma questão de Direitos Humanos e cada um de nós tem o dever de agir pois é a Igualdade e a Liberdade que estão em causa.

Isabel Amorim